Consórcio tem história.

E tudo começou lá no Japão

Isso mesmo, do outro lado do mundo. Por volta do século XIII surgiu na região mais ocidental do Japão, de tradição agrícola, um sistema de crédito cooperativo comunitário. Esse sistema era denominado tanomoshi, que significa: “de confiança” ou “seguro”.

Os agricultores compravam insumos, animais e mantimentos para suas terras formando clubes e associações cooperativas. Era um sistema simples e eficaz de poupança coletiva para compra desses elementos.

Os grupos tanomoshi são, portanto, precursores dos consórcios e foram recriados nos países de imigração japonesa – como o Brasil.

No Brasil: dos Clubes de Mercadorias ao Consórcio

Na passagem do século XIX para o século XX surgiram aqui no Brasil os chamados Clubes de Mercadorias, que funcionavam de maneira muito semelhante ao sistema de consórcios. Mas foi na década de 60 que os primeiros consórcios se ergueram, acompanhando as primeiras montadoras de automóveis que se instalavam no país.

O ano era 1962, em uma realidade onde a população tinha poucas alternativas para adquirir produtos, como carros, por exemplo. Os automóveis começavam a ser produzidos aqui nessa época, e não existia mecanismos de financiamento para consumo de bens duráveis. Além disso, o país passava por uma forte aceleração inflacionária.

A ascensão do Consórcio

Os primeiros anos de atuação dos consórcios no Brasil foram um pouco problemáticos. Isso porque a falta de regulamentação para o sistema fez com que os consórcios crescessem desordenadamente. Porém, no final da década de 60 e início dos anos 70, os consórcios passaram a contar com uma regulamentação oficial e com um órgão para fiscalizá-los.

Dessa forma, com a regulamentação oficializada somada à retomada do crescimento econômico que o país atravessava (foi nessa fase que o Brasil viveu o “Milagre Econômico”), o sistema de consórcio deslanchou por todo território nacional.

Em 1980, o FMI impôs ao país medidas que acarretaram um grande aumento das taxas de juros e a restrição ao crédito. Este cenário foi extremamente favorável ao sistema de consórcios, que passou a ser a escolha da maioria dos brasileiros para adquirir bens duráveis, como automóveis, quando não podiam comprá-los à vista.

1991: a entrada do Banco Central

Com a edição da Lei n° 8.177, as operações de consórcios passaram a ser fiscalizadas e regulamentadas pelo Banco Central do Brasil, o Bacen.

Essa época é importante também, porque os consórcios passaram a ser alternativa na realização de um dos maiores sonhos dos brasileiros: a casa própria.

O Consórcio pelo mundo

O sistema de consórcio também foi adotado na Europa, primeiramente em Portugal e Espanha. No fim dos anos 2000, a primeira administradora de consórcios surgiu na África do Sul.

2008: o marco legal do Sistema de Consórcios

Em outubro de 2008 aconteceu a edição da Lei 11.795/2008, que dispõe única e exclusivamente sobre o funcionamento do Sistema de Consórcios.

Hoje

O sistema de consórcios é, hoje, completamente consolidado. É uma modalidade que viabiliza aquisição de bens móveis, imóveis e serviços dos mais variados tipos, como viagens, festas de casamento e até cirurgias plásticas. Tornou-se um importante mecanismo também para compra de bens de produção, como caminhões, implementos agrícolas, rodoviários e muitos outros.

De acordo com a ABAC, Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio, temos atualmente mais de 7 milhões de consorciados em todo Brasil. Ainda segundo a instituição, só de janeiro a setembro de 2014, 1 milhão de pessoas foram contempladas e puderam realizar seus sonhos por meio do consórcio.

Tempos de “FinTok”

O interesse por educação financeira aumentou muito nos últimos anos. Pesquisas apontam que a pandemia do coronavírus também impulsionou um aumento de interesse por finanças. E os jovens brasileiros estão cada vez mais preocupados com o futuro, procurando alternativas viáveis para conquistar os seus sonhos, ao mesmo tempo que buscam também por estabilidade.

Isso tudo só fez aumentar a quantidade de conteúdos sobre finanças na internet. Para a geração Z, esse tema virou febre, tanto que existe até um termo designado a conteúdos específicos sobre a relação com dinheiro e investimentos: o “FinTok”.

O Consórcio nesse cenário

Com tantos porta-vozes sobre finanças e tantos conteúdos disseminados por diversos canais e redes sociais, é possível encontrar de tudo também sobre o consórcio.

A verdade é que o consórcio é uma modalidade de investimento para quem possui um perfil planejador. Com o consórcio, você não tem uma garantia do tempo que vai ser contemplado, porque a contemplação ocorre por sorteio ou lance. Ela pode ocorrer no início, no meio ou no fim do prazo estabelecido em contrato.

Consórcio é uma poupança programada, já que cada participante poupa um determinado valor – geralmente parcelas bem acessíveis - com um objetivo comum: comprar um bem ou serviço. Por essa característica de comprometimento da renda e ausência de juros, é um investimento vantajoso e seguro para quem deseja realizar seus sonhos com segurança e sem se endividar.

Consórcio não estimula o consumo imediato. Estimula a realização de projetos de vida com consciência e planejamento.

Quem faz consórcio hoje em dia?

Muita gente. Segundo a ABAC, atualmente são mais de 7 milhões de consorciados em todo Brasil. A instituição divulgou, no fim de 2022, alguns dados sobre o perfil desses atuais consorciados. Dá só uma olhada:

Perfil

GêneroMulheresHomens
Percentual46%54%
Faixa etáriaPercentual
18 a 29 anos44%
30 a 45 anos56%
ClassePercentual
A15%
B35%
C50%

7 principais motivos para terem feito consórcio

  • 61% para comprar um bem ou serviço
  • 35% por ser uma forma de guardar dinheiro
  • 24% por ter parcelas compatíveis com a renda
  • 22% por ser menos burocrático
  • 20% por ter menos custos e menos taxas que outras formas de financiamento
  • 14% por achar que vai ser contemplado rapidamente
  • 13% por ter dinheiro para dar lances

Quantas vezes já fizeram consórcio

  • 60% 1 vez
  • 29% de 2 a 3 vezes
  • 11% 3 vezes

Pesquisa realizada pela Kantar para a ABAC, em agosto de 2022, para conhecer o atual mercado de consórcios no Brasil.

Faz consórcio hoje em dia quem deseja realizar sonhos com tranquilidade, sem burocracias e, principalmente, sem pagar juros.